segunda-feira, 10 de maio de 2010

Negligência

E eu acho que de alguma forma eu te negligenciei.
Negligenciei teus gestos, teus sorrisos, teus beijos.
E descobri que dediquei muito mais a quem me moveu muito menos. E a você, nada. Descobri que, outrora, apenas um olhar de outro alguém me fazia vir aqui e escrever mil juras de amor.

Mas será que não é isso que me falta? Um olhar...

Ela e ele.

Ela entrou na grande sala, e o pequeno cubículo escuro e cheio de luzes espectrais estava apinhado de gente. Deu poucos passos e dançou timidamente, no seu lugar, e de lá não saiu.
Andou um pouco mais, curtiu a música e conversou com as amigas.
Parecia não notar muito o que acontecia, sua alma estava em outro lugar, distante.

Ele andou com os amigos, meio querendo e meio forçado. O coração e a vida aberta às novas possibilidades; meio aberto, meio fechado.
Os olhos saltavam a multidão, acompanhando o ritmo da música, e o movimento das luzes.
Parecia que não queria estar ali, parecia que estava a fim de ir pra casa, distante.

E então, os olhos encontraram os olhos.
E foi o que bastou.